A recente matéria da Folha de S. Paulo, intitulada “Fila do INSS encosta em 2 milhões”, de autoria de Idiana Tomazelli, publicada em 19 de fevereiro de 2025, evidencia um problema crítico enfrentado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS): a fila de espera por benefícios previdenciários atingiu seu maior patamar desde 2020, chegando a quase 2 milhões de requerimentos pendentes.

Esse cenário gera impactos diretos na vida de milhões de brasileiros que dependem dos benefícios previdenciários para sua subsistência. A reportagem destaca que a greve dos servidores e o aumento do volume de pedidos foram fatores determinantes para o agravamento da situação. Além disso, há um evidente descompasso entre a crescente demanda e a limitada capacidade operacional do INSS, o que exige soluções estruturais para evitar a perpetuação do problema.

A fila do INSS tem se mantido como um desafio histórico e sua escalada recente reflete dificuldades estruturais e operacionais, tais como:

1. Crescimento da demanda: o número de novos pedidos aumentou significativamente, alcançando a marca de 1,4 milhão de requerimentos por mês em 2024, superando a média de 2023, que era inferior a 1 milhão.

2. Lentidão na análise: o tempo médio para concessão dos benefícios subiu de 34 para 39 dias entre julho e setembro de 2024. Em algumas regiões, como Nordeste, esse tempo chega a 66 dias.

3. Dependência da perícia médica: cerca de 1,6 milhão de requerimentos dependem de análise administrativa ou de perícia médica, o que evidencia a necessidade de mais investimentos no Departamento de Perícia Médica Federal.

4. Infraestrutura e tecnologia defasadas: a demora na divulgação dos dados pelo INSS, aliada às constantes inconsistências da Dataprev, indica a falta de integração tecnológica eficiente, prejudicando a transparência e a gestão dos processos.

Diante desse contexto, torna-se imprescindível investir na modernização, na eficiência operacional e na otimização dos fluxos de trabalho. Entre as medidas essenciais para enfrentar essa crise de forma definitiva, destacam-se:

1. Modernização das Agências do INSS e Ampliação do Atendimento Digital

O INSS precisa modernizar sua estrutura física e digital para aumentar a eficiência do atendimento e evitar a sobrecarga dos processos. Algumas ações viáveis incluem:

• Expansão do Meu INSS, com investimentos em inteligência artificial para triagem inicial e análise automatizada dos requerimentos, identificando previamente os casos que necessitam de perícia médica.

• Automação de processos repetitivos, reduzindo a necessidade de intervenção manual dos servidores e agilizando a concessão de benefícios simples, como aposentadoria por idade e salário-maternidade.

• Melhoria da infraestrutura das agências, com reforço no atendimento presencial para públicos que enfrentam dificuldades no acesso digital.

2. Investimento em um Pacto Tecnológico

A Dataprev, responsável pelo processamento de dados do INSS, tem enfrentado dificuldades para garantir a consistência e a transparência das informações. É necessário um amplo Pacto Tecnológico que contemple:

• Modernização dos sistemas de TI, prevenindo falhas na geração de relatórios e eliminando inconsistências nos dados.

• Integração das bases de dados entre Dataprev, Receita Federal, SUS e Cadastro Único, facilitando a verificação automática da elegibilidade dos segurados.

• Uso de Big Data e análise de dados para prever fluxos de pedidos e otimizar a alocação de recursos humanos e tecnológicos.

3. Reestruturação do Departamento de Perícia Médica Federal

A perícia médica constitui um dos maiores gargalos na análise dos benefícios. Para solucioná-lo, são necessárias medidas como:

• Melhoria da gestão, com a nomeação de servidores capacitados e com perfil técnico adequado para funções administrativas.

• Contratação de novos peritos e ampliação dos incentivos à adesão ao programa de análise de processos em regime extraordinário.

• Expansão do uso da teleperícia para casos de menor complexidade, reduzindo o tempo de espera por avaliações presenciais.

• Revisão dos processos administrativos, eliminando exigências burocráticas desnecessárias e agilizando a tramitação dos laudos médicos.

4. Otimização dos Fluxos de Trabalho no INSS

A gestão da fila do INSS requer melhor planejamento e redistribuição dos recursos humanos e operacionais. Algumas medidas importantes são:

• Realização de mutirões periódicos para análise de pedidos represados, com pagamento de gratificações por produtividade aos servidores envolvidos.

• Criação de unidades especializadas para a análise de benefícios de maior complexidade, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a aposentadoria especial.

A fila do INSS não é apenas um problema administrativo, trata-se de uma questão social urgente, que afeta diretamente a qualidade de vida dos segurados. A crise atual exige soluções integradas que envolvam investimentos em tecnologia, otimização dos fluxos de trabalho e valorização da Perícia Médica Federal.

 

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